domingo, 17 de abril de 2011

Isso. Me prenda entre suas pernas e não me venha com cochichos na orelha. Agora, o que eu quero são gritos. Berros pra serem ouvidos. Sem que os vizinhos precisem encostar seus copos nas paredes. Quero que ouçam do quarto. Da sala, no meio da novela. Quero que ouçam da cozinha, entre uma garfada e outra de seus jantares silenciosos. Eu quero inveja. Isso. Assim. Me aperte mais com as suas pernas e não me venha com carinhos. Quero que me arranhe. Que deixe marcas. Rastros. Que leve pedaços da minha pele debaixo das suas unhas. Não quero mais esse amor morno. Quero água quente. Fervente. Vapor cobrindo o banheiro. Embaçando o espelho. Assim mesmo. Não deixe que eu escape das suas pernas. Que escorregue. Me prenda e não me venha encostando de leve seus lábios por aqui. Quero que me machuque. Quero mordidas no lugar de beijos. Gosto de sangue na mistura das línguas. Eu quero dor. Quero que me prenda pela cintura e que não enrole meus cabelos nesse cafuné sem graça. Quero que puxe, que encontre um punhado de fios, amanhã quando abrir a sua mão. Eu quero força. Cansei desse amor pequeno. Isso. Eu quero exagero. Sal. Tempero. Quero que me prenda entre as suas pernas. Que aperte meu pescoço. Que me sufoque. Sem dó ou piedade. Eu quero um amor que me mate.

Eduardo Baszczyn



Nenhum comentário:

Postar um comentário