domingo, 24 de abril de 2011
' (Paula Fernandes)
Assinando o fim
Eu lamento tanto
Palavras perdidas
Sensações vividas
Eu anulo em mim
A promessa feita
Eu desfaço o sonho
De amor por toda vida
Foi engano achar que você me amou
Afinal de amor você não sabe nada
Foi um erro aceitar o seu gesto de amor
No final a dor me fez sua morada
Alguém pra me amar
Precisa me aceitar
Assim como eu sou
Imperfeita amor
Quem quiser me amar
Precisa ter o dom
Bem mais que seduzir
Navegar em mim
' Paula Fernandes
domingo, 17 de abril de 2011
Isso. Me prenda entre suas pernas e não me venha com cochichos na orelha. Agora, o que eu quero são gritos. Berros pra serem ouvidos. Sem que os vizinhos precisem encostar seus copos nas paredes. Quero que ouçam do quarto. Da sala, no meio da novela. Quero que ouçam da cozinha, entre uma garfada e outra de seus jantares silenciosos. Eu quero inveja. Isso. Assim. Me aperte mais com as suas pernas e não me venha com carinhos. Quero que me arranhe. Que deixe marcas. Rastros. Que leve pedaços da minha pele debaixo das suas unhas. Não quero mais esse amor morno. Quero água quente. Fervente. Vapor cobrindo o banheiro. Embaçando o espelho. Assim mesmo. Não deixe que eu escape das suas pernas. Que escorregue. Me prenda e não me venha encostando de leve seus lábios por aqui. Quero que me machuque. Quero mordidas no lugar de beijos. Gosto de sangue na mistura das línguas. Eu quero dor. Quero que me prenda pela cintura e que não enrole meus cabelos nesse cafuné sem graça. Quero que puxe, que encontre um punhado de fios, amanhã quando abrir a sua mão. Eu quero força. Cansei desse amor pequeno. Isso. Eu quero exagero. Sal. Tempero. Quero que me prenda entre as suas pernas. Que aperte meu pescoço. Que me sufoque. Sem dó ou piedade. Eu quero um amor que me mate.
‘ Eduardo Baszczyn
Eu nem me lembro mais das belas cores dos meus antigos olhos castanhos. Eu julgo cruelmente, de acordo com o humor, de acordo com a carência (quase sempre constante, às vezes grande e insuportável para quem enxerga de fora de olhos fechados indiferentes) do meu sangue. Eu escuto conforme me convém, no volume que me agradar. Opiniões são opiniões, e eu as ignoro com a mesma estupidez com que os aceito, mas são opiniões. Eu me esqueci do que passou. Eu me nego a imaginar o que vem, assim nunca vem. Meu maior mal é a saudade, saudade disso, saudade daquilo, mas, sempre, saudade de algo que nunca tive e isso não é da estação, isso é constante. Sinto fome de prazer pra aliviar as dores e fome de dor pra me dar ânimo para procurar prazer em resultados. Cumpri minhas promessas de 15 anos. Me esqueci de cumprir meus finais de semana. Eu falo a língua dos homens e acho que assim, posso enganar os anjos. Sou arrogante, orgulhosa, e não engano os anjos. Não falo a língua deles. Eu conto histórias com os olhos e as mãos. Eu odeio o silêncio. E amo quem me machuca. As antigas cores dos meus antigos olhos castanhos, são as mesmas. Basta que eu os abra.
‘ Por: 32 Dentes