sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Constatei com desassossego, que não é só fisicamente, emocionalmente também se envelhece. Acho que chegou a hora de encerrar as minhas buscas. Tenho nas mãos apenas pistas mortas de uma ilha solitária encoberta pelas águas. Sobrevôo, sobrevôo, sobrevôo. E nada mais me é visível. Não há margens do teu rosto, e teus olhos, parecem agora estar imergindo. Contei até três e me escondi na estirpe do coqueiro. De um jeito que desse para você me adivinhar. Mas ao abrir os olhos, me deparei apenas com uma pilha de sonhos esquecidos sobre a areia. Não havia ninguém para juntar. Recolhi um por um dos sonhos que tu deixastes, para te ajudar a se desfazer. Eles não vão mais te pesar. Não me aventuro a dar nem mais um passo em sua direção. Tenho pés e dedos esfolados. Não posso arriscar perder o próprio rastro. Meu coração se abre para a sua passagem, agradecendo cada segundo que esteve contigo. Perdoemo-nos. Por tudo o que não foi e poderia ter sido. Desapalpemos as mãos, para que elas flutuem livres sob a carícia do destino. Vamos deixar que as brisas lunares nos soprem, e, serenamente, tire de nossos dedos aquele anel antigo. Te estendo minhas mãos, ainda mornas, para te abençoar e, te ofereço o meu melhor sorriso. Aquele. Que você sempre me arrancava, quando ninguém mais achava que era possível.
' Pipa
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