sexta-feira, 10 de setembro de 2010



E eu sem mais sentir o aroma escuro da solidão. Dei de ombros, que fique. Deu-se que ela resolveu ir, desaforada. Me presto a carregar suas malas lotadas de capim seco. Seu vestido esvoaçando melancolias. Lamento não poder esperar que ela se apequenine no horizonte balançando seu lenço bordado de mágoas. Tenho meus passos atrasados em minha direção. E ainda estou à uma estação daqui. Um caminho sem marcas no chão. Não há mais o que chorar pelas folhas caídas, secas e amareladas, nada há nisso de triste, ainda que a tristeza pense que é. Foi só um vento rezador capinando tempos envergados. O outono com suas mãos ramosas desmanchando o presente. E eu revirando os rascunhos do futuro, como um arroubo de probabilidades armando sobre mim um bote certeiro. Tudo é apenas novíssima página em branco. E eu tomando a caneta por mim. Desvirando as palavras. E eu montando de volta em mim. Alforriando as asas... Há tanto grudadas junto ao corpo. E eu economizando tudo, menos a alma...

' Ziris

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