sexta-feira, 9 de julho de 2010
"Não desejo descobrir o que tocaste
senão amarei muito mais do que se tivesse tocado.
Não me fales "gosto daquilo"
que já estarei gostando junto.
Evite comentários.
Não me digas "vamos naquele restaurante"
que será mais um lugar para te esperar.
Não inventes deitar na grama no domingo
que o sol grudará nos dentes.
Não narres aos ouvidos da cama o que podemos sentir.
Não ponhas trilha no celular, não troques as almofadas,
não escolhas as toalhas e os lençóis,
controla essa mania de se espalhar por tudo,
de botar teu cheiro por dentro de minha boca.
Não abras mais o leite sem romper o lacre,
não deixes a gaveta entreaberta,
a torneira entreaberta, meu corpo entreaberto.
Não reclames do que não fiz,
que farei de novo para chamar tua atenção.
Não arrumes minha gravata,
que me acostumarei a pedir conselhos.
Não arrumes minha gola que o vento é mesmo enviesado.
Quero te conhecer menos
para não sofrer depois tanto tua perda.
Mas deveria ter dito isso antes."
Fabrício Carpinejar
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