terça-feira, 20 de julho de 2010



Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo
qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade
inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de
hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não
quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e
agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os
santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.

Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não
ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade
bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de
aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos
adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!

Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para
que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os
vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de
que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Oscar Wilde

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