domingo, 20 de junho de 2010


Experimente fazer um corte no seu próprio braço. Nada de mais, algo superficial.
Vai doer, ficar vermelho, sangrar, arder na hora do banho.
Provavelmente você tenha que colocar um band-aid. Vai incomodar, mas no dia seguinte o corte terá uma fina casquinha. Mais dois ou três dias, a casca ficará mais forte e a pele por baixo vai estar quase sarada.
Em uma semana, a casca já se foi e seu braço estará lá, com uma leve marca branca, um fio que irá desaparecer com o tempo.
Mas você olha e tem certeza de que o machucado fechou e não abre mais, a não ser que você se corte novamente. A cicatriz não perturba, a pele está praticamente perfeita, tudo certo.
Agora experimente sofrer uma decepção, uma perda.
Você consegue saber quando a cicatriz fecha de vez?
Prefiro mil cortes no braço a uma dor dessas.
Não vejo o quanto ela sangra, acho que já estou curada e de repente, sem eu saber por que, a dor volta e sangra tudo outra vez.
O tempo cura tudo? Os cortes no meu braço, sim. E quanto aos outros, desconfio que não.
Ou então esse tempo é bem maior do que eu pensava. O problema está em mim ou no relógio?
Ou nos cortes que tenho?
Se souber o nome do remédio pra isso, me conte.
Tempo eu já sei que não é.

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