quinta-feira, 31 de março de 2011



E quanto mais tento,
mais te sinto,
mais te quero.
As coisas não acabam
enquanto sentimos,
elas ainda existem pra gente.
E isso faz toda diferença.


O importante não são tanto as coisas que nos acontecem.
O importante mesmo é como reagimos face a elas e que lições tiramos.
Então crescemos.

' Leonardo Boff

domingo, 27 de março de 2011



Você me perguntα se eu não tenho corαção. Eu tenho. Tenho um corαção vαzio de ódio ou αmor. Se você não consegue ouvi-lo é porque não fαz ele bαter. Me provoque, me ofendα, brigue comigo, mαs não me deixe presα no comum. Não permitα que o tédio silencie meu corαção.

' Verônicα H


Não basta que a gente se queira há muitos anos. Não basta nossos namoros longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado por minha vênus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira. O desacerto é de lascar...

' Cris Carvalho

quinta-feira, 24 de março de 2011



“O rumo é certo?
Eu não sei.
Só sei que às vezes
uma curva
pode ser um caminho
muito mais incrível
que uma reta.
Mas é pra poucos.”

' (Elenita Rodrigues)


"Hoje eu tive uma das experiências mais fortes da minha vida. Não havia nada além de um espelho e palavras que eu dizia pros outros, mas tive que me dizer olhando nos olhos mais tristes que já tive. Minha voz tava embargada, mas meu coração tinha certeza do que dizia. Minha fisionomia mudou, e eu consegui gargalhar novamente por ser exatamente como quem estou me tornando. Eu estava me fazendo muita falta."

' (Marla Queiroz)


A mulher somente despreza quem ela amou demais. Não é qualquer homem que merece, não é qualquer pessoa. Pede uma longa história de convivência, tentativas e vindas, mutilações e desculpas. O desprezo surge após longo desespero. É quando o desespero cansa, quando a dúvida não reabre mais a ferida. É possível desprezar pai e mãe, ex-esposa ou ex-marido, daquele que se esperava tanto. Não se pode sentir desprezo por um desconhecido, por um colega de trabalho, por um amigo recente. O desprezo demora toda a vida, é outra vida. É nossa incrível capacidade de transformar o ente familiar num sujeito anônimo. Assim que se torna desprezo, é irreversível, não é uma opinião que se troca, um princípio que se aperfeiçoa. Incorpora-se ao nosso caráter. Desprezo não recebe promoção, não decresce com o tempo. Não existe como convencer seu portador a largá-lo. Não é algo que dominamos, tampouco gera orgulho, nunca será um troféu que se põe na estante. Desprezo é uma casa que não será novamente habitada. Uma casa em inventário. Uma casa que ocupa um espaço, mas não conta. É a medida do que não foi feito, uma régua do deserto. A saudade mede a falta. O desprezo mede a ausência. O desprezo não costuma acontecer na adolescência, fase em que nada realmente acaba e toda vela de aniversário ainda teima em acender. É reservado aos adultos, desconfio que deflagre a velhice; vem de um amor abandonado. Trata-se de um mergulho corajoso ao pântano de si, desaconselhável aos corações doces e puros, representa a mais aterrorizante e ameaçadora experiência. Indica uma intimidade perdida, solitária, uma intimidade que se soltou da raiz do vôo. O desprezo é um ódio morto. É quando o ódio não é mais correspondido. Não significa que se aceitou o passado, que se tolera o futuro; é uma desistência. Uma espécie de serenidade da indiferença. Não desencadeia retaliação, não se tem mais vontade de reclamar, não se tem mais gana para ofender. Supera a ideia de fim, é a abolição do início. Não desejaria isso para nenhum homem. O desprezado é mais do que um fantasma. Não é que morreu, sequer nasceu; seu nascimento foi anulado, ele deixa de existir. O desprezo é um amor além do amor, muito além do amor. Não há como voltar dele.

' (Carpinejar)